Avanços e desafios na luta contra a AIDS
- Mariana Rech
- 30 de nov.
- 2 min de leitura

1º de Dezembro
A data marca o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, e em 2025 o tema é um apelo: “Eliminar as barreiras, transformar a resposta à AIDS”. Esta data surge em um contexto marcado por cortes de financiamento aos países mais afetados pelo HIV. O relatório da UNAIDS publicado em 25 de novembro detalhou as consequências arrasadoras dos cortes de financiamento abruptos, assim como quais medidas locais estão sendo tomadas para tentar contornar esta situação.

O Futuro da Prevenção: Inovação Injetável
Dentre as inovações promissoras no tratamento do HIV estão as medicamentos injetáveis de longa ação no campo da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
O Cabotegravir é uma injeção para prevenção administrada a cada dois meses , já aprovada pela Anvisa em 2023 e lançada no mercado privado em agosto de 2025. O custo atual é alto (cerca de R$ 4 mil por dose).
O Lenacapavir é uma formulação em processo de registro no Brasil, administrada uma vez a cada seis meses. Os dados do estudo PURPOSE 1 mostraram 100% de eficácia na prevenção da aquisição do HIV entre participantes grávidas e lactantes, enquanto o PURPOSE 2 confirmou excelente eficácia e tolerabilidade em adolescentes e mulheres jovens de 16 a 25 anos.
Embora o custo no mercado privado seja alto, a incorporação dessas tecnologias é vista como um passo essencial para transformar a prevenção e a adesão.
AIDS na população pediátrica
A taxa de detecção de AIDS em crianças menores de 5 anos é um reflexo direto da qualidade da assistência pediátrica. Casos de AIDS nesta faixa etária alertam para falhas no sistema: diagnóstico tardio, abandono do seguimento clínico e dificuldades na adesão ou ausência do tratamento com antirretrovirais. Apesar desses desafios, o Brasil demonstrou um avanço importante, registrando uma redução de 60,2% nos casos de AIDS em crianças menores de 5 anos entre 2013 e 2023.
A vigilância eficaz para evitar a transmissão vertical do HIV deve iniciar na gestação. A detecção laboratorial precoce da infecção materna permite a aplicação imediata de medidas preventivas. No entanto, a atenção do profissional de saúde deve ser contínua e se estender para o período pós-parto. Se a mãe adquirir uma infecção aguda pelo HIV durante a lactação, o risco de infecção para a criança é alto.
No Rio Grande do Sul, para combater esse risco pós-natal, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre orienta, através de nota técnica de março de 2024, que a testagem rápida para HIV seja realizada em todas as lactantes. É iniciada 1 mês após o parto e repetida a cada 3 meses enquanto o aleitamento for mantido.
Quando pensar em infecção por HIV na avaliação do paciente pediátrico
Dentre as manifestações clínicas leves a moderadas de HIV, estão:
Linfadenopatia
Hepatomegalia
Esplenomegalia
Aumento crônico de glândulas parótidas
Anemia, neutropenia e plaquetopenia por mais de 30 dias
Febre persistente por mais de um mês
Diarreia crônica ou recorrente
Candidíase oral persistente por mais de 2 meses
Tuberculose pulmonar
Dificuldade de ganho de peso e crescimento
A lista completa das manifestações clínicas, incluindo as manifestações graves e definidores de AIDS, você encontra no PCDT para Manejo da infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes



Muito bom