Não vamos morrer de câncer. Vamos morrer de infecção!
- Fabrizio Motta

- 27 de abr.
- 1 min de leitura
Atualizado: 4 de mai.
O diagnóstico precoce do câncer avançou. O investimento em tratamentos inovadores cresceu. As chances de cura aumentaram.
Mas a infecção atrasou a quimioterapia. E o câncer não foi curado.
Vamos morrer de uma Klebsiella com dupla produção (KPC e NDM), porque o esquema com ceftazidima-avibactam + aztreonam é complexo de usar — e talvez o hospital nem tenha acesso.
Vamos morrer após uma cirurgia cardíaca de sucesso, porque uma Pseudomonas produtora de IMP causou uma infecção de corrente sanguínea evitável.Porque faltou cuidado com o CVC.Porque não temos cefiderocol disponível no país.
Vamos morrer porque não há investimento suficiente em:
Prevenção de infecções
Diagnósticos rápidos e sensíveis (MALDI-TOF, painéis moleculares, entre outros exames essenciais)
Vamos morrer pelo uso indiscriminado de antibióticos:
Porque "no meu paciente, eu uso 14 dias".
Porque "no meu paciente, eu sempre cubro amplo espectro".
Porque "no meu paciente, eu deixo a cefazolina profilática até tirar o dreno".
Vamos morrer de infecção porque os índices de infecções hospitalares não são públicos, impedindo que o paciente escolha hospitais com menores taxas de infecção associada à assistência à saúde.
Geramos resistência.Atrasamos o tratamento correto.Expondo a fragilidade no preparo de muitos profissionais em lidar com antibióticos.
(Mas pouco é feito para mudar.)
O tempo está contra nós.A resistência bacteriana não é um problema do futuro — é um problema do presente.
Alguns já estão atuando. O Stewardship cresceu.Mas ainda é um bebê neste país continental.
A pergunta é:➡️ Quando e como vamos agir?
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