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Ceftazidima-avibactam no SUS: até quando vamos esperar?

  • Foto do escritor: Fabrizio Motta
    Fabrizio Motta
  • 2 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de mai.

Infecções por Enterobacterales produtoras de carbapenemase (KPC, OXA-48, NDM) vêm crescendo de forma alarmante – e não são mais uma realidade apenas em adultos. A população pediátrica tem sido cada vez mais afetada, especialmente nas UTIs e em crianças com doenças onco-hematológicas ou neonatos críticos.


Em um estudo conduzido por Aguilera-Alonso et al., em três hospitais pediátricos de alta complexidade na Espanha, observou-se que a resistência a carbapenêmicos entre Enterobacterales em crianças dobrou entre 2013 e 2021, passando de 3,5% para 7,2% (p = 0,029). Além disso, a taxa de bactérias produtoras de carbapenemase chegou a 3,3% dos isolados, com aumento importante de OXA-48 entre as enzimas detectadas.

A resposta terapêutica mais eficaz para infecções por serino carbapenemases (KPC e OXA-48) é clara: ceftazidima-avibactam (CAZ-AVI). Esse antibiótico apresenta maior eficácia clínica, menor toxicidade renal e melhor resposta microbiológica em comparação aos esquemas baseados em polimixinas.

O problema? Ainda não está disponível no SUS.

Enquanto CAZ-AVI já é padrão em diversos países, no Brasil seu uso depende de judicialização, compras emergenciais ou disponibilidade restrita em alguns serviços privados ou mistos. Na prática, isso significa criança (e adultos) recebendo esquemas menos eficazes e mais tóxicos, como polimixina e amicacina, mesmo diante de infecções críticas.


A experiência Micoses (sistema de informação das micoses endêmicas e oportunistas) no SUS, que estruturou o acesso a antifúngicos de alto custo para doenças fúngicas invasivas, mostra que é possível organizar protocolos, diretrizes e acesso público a antimicrobianos modernos. O mesmo deveria ser pensado para CAZ-AVI, e novos inibidores de carbapenemase (como imipenem-relebactam).


É hora de falar mais sobre isso. É hora de estudar mais sobre isso. É hora de nos unirmos para solicitar ao Ministério da Saúde a inclusão desses antimicrobianos no SUS.

A epidemia de carbapenemase não é mais previsão. Ela já chegou. E atinge também as nossas crianças.


Referências:

  • Aguilera-Alonso D, et al. Antibiotic resistance in bloodstream isolates from high-complexity paediatric units in Madrid, Spain: 2013–2021. J Hosp Infect. 2023;139:33–43. doi:10.1016/j.jhin.2023.05.021.

  • Gundeslioglu OO, et al. Clinical experience with ceftazidime/avibactam for the treatment of extensively drug-resistant or pandrug-resistant Klebsiella pneumoniae in neonates and children. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 2024;43(12):2361–2369. doi:10.1007/s10096-024-04948-y.




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