top of page

A fake news que ligou a vacina do sarampo ao autismo: a falácia que ainda persiste

  • Foto do escritor: Fabrizio Motta
    Fabrizio Motta
  • 19 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 28 de abr.

Em 1998, um artigo publicado na prestigiada revista The Lancet deu início a uma das maiores ondas de desinformação sobre vacinas da história moderna. O estudo, liderado pelo médico britânico Andrew Wakefield, alegava uma suposta associação entre a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola — MMR, na sigla em inglês) e o desenvolvimento de autismo em crianças.

O impacto foi imediato. Pais alarmados deixaram de vacinar seus filhos, movimentos antivacina se fortaleceram e a cobertura vacinal em diversos países começou a cair — com o retorno de surtos de sarampo em lugares onde a doença já havia sido controlada.

No entanto, o estudo tinha sérias falhas:

  • Foi conduzido com apenas 12 crianças, sem grupo controle.

  • Os dados foram manipulados para atender interesses pessoais e financeiros.

  • Wakefield não revelou que havia sido financiado por advogados interessados em processar fabricantes de vacinas.

A fraude foi revelada por uma investigação do jornalista Brian Deer e resultou em:

  • Retratação parcial do artigo em 2004 e completa em 2010 pela The Lancet.

  • Cassação da licença médica de Wakefield pelo Conselho Médico do Reino Unido.

  • Publicação de diversos estudos com dezenas de milhares de crianças que refutaram completamente qualquer associação entre MMR e autismo.


A imagem abaixo ilustra os marcos principais da farsa:



ree

Fonte: Nature Medicine, 2010 / Wikimedia Commons


E no Brasil?

Em 2025, o Brasil voltou a registrar casos confirmados de sarampo:

  • Três casos até a semana epidemiológica 9: dois no estado do Rio de Janeiro e um no Distrito Federal (Nota Técnica MS).

  • Em Porto Alegre, um caso importado foi confirmado em abril de 2025, em um adulto sem vacinação e com histórico de viagem aos EUA (Alerta Epidemiológico POA).


O risco de reintrodução do sarampo é real, especialmente com surtos ativos na América do Norte, Europa e Argentina, e a persistente baixa cobertura vacinal. Em 2024, a cobertura da segunda dose da vacina tríplice viral no Brasil foi de apenas 79%, bem abaixo da meta de 95%.


Por que reforçar esse alerta?

A fraude de Wakefield continua sendo usada por grupos antivacina como argumento, mesmo após sua total descreditação. O sarampo é altamente contagioso, e basta uma queda na cobertura vacinal para surtos se espalharem rapidamente.

É essencial confiar na ciência e proteger a coletividade:

  • Vacinas salvam vidas.

  • Não há qualquer associação entre vacinas e autismo.

  • A hesitação vacinal baseada em fakenews custa vidas e ameaça a saúde pública.


Publicado por Infectopeds.com.br — Informação com responsabilidade em Infectologia Pediátrica

bottom of page